A Casa de Antonio

No dia que mataram o boi santo se leram três palavras no céu: peste, fome e guerra. Padre Cícero fez o certo. Mandou matar o boi. No dia da morte, teve até discurso de deputado. Só num fizeram um culto em sua homenagem porque seria uma heresia. Dona Branca dizia que haveria uma grande chuva de estrelas e aí será o fim do mundo. Só porque mataram o boi santo. Maior que o boi santo para Dona Branca era o nascimento de um anjo na terra, mandado por seu pai eterno, para pregar sermão pelas portas, dar conselhos, fazer povoações nos desertos, criar igrejas e capelinhas e fundar uma grande nação. Esse anjo já tinha nascido. Seu nome era Antônio, seu único filho homem, que casou com Rosa, sem a benção da velha. Agora, Rosa e Dona Branca são inimigas, morando embaixo do mesmo teto. Dona Branca não vai sossegar enquanto não separar os dois e ver Antônio liderando o povo sofrido, massacrado, humilhado e desgraçado do sertão republicano. A Casa de Antônio conta a história de um dos maiores inimigos da República: Antônio Vicente Mendes Maciel, um dos maiores e mais controversos líderes religiosos do Brasil, conhecido como Antônio Conselheiro. A peça revela a tragédia que se abateu sobre sua família e os motivos que o levaram à vida errante fazendo pregações, milagres e dando conselhos que conquistaram uma multidão de fanáticos.